Ourivesaria
Arte de trabalhar o ouro e os demais metais preciosos: prata,platina etc. difere da joalheria, porque esta fabrica, de modo especial, objetos que se destinam ao uso, como joias e adorno, com emprego ou não de pedras preciosas; ao passo que a ourivesaria abrange também a confecção de objetos domésticos (salvas, candelabros etc.), couraças, armaduras etc. Na prática, contudo, dá-se o nome de ourivesaria a qualquer produto elaborado em metal precioso.
Na Antiguidade, foram célebres os trabalhos egípcios de ourivesaria (objetos de ouro encontrados no túmulo de Tutankhamon por exemplo.) e sumerianos. Do oriente recebeu a Grécia a técnica da ourivesaria, arte que se desenvolveu de modo notável na civilização minóica e na helênica (as duas taças de Vaphio, obra de ourives cretenses). O esmalte filigranado e o metal granulado, principalmente, atestam o grau de perfeição a que atingiram os ourives gregos, que decoravam suas obras quase sempre com motivos geométricos. A mesma técnica, utilizada pelos romanos, produziu as obras-primas achadas em Pompéia, Boscoreale, Hildesheim e Mildenhall, se bem que sem a graça e a elegância da helênicas – mas com magnificência desconhecida na Grécia.
Os ourives bizantinos aperfeiçoaram grandemente a técnica chamada cloisonné; e distinguiram-se igualmente na filigrana e na granulação dos metais. Exemplo notável da ourivesaria da alta Idade Média é o chamado ‘Tesouro de Petrossa’ ou ‘The Pietroasa Treasure’, hoje no museu de Bucarest.
Os ourives merovíngios mostraram-se muito hábeis, como o atesta o grande número de objetos encontrados no túmulo do Childerico (Biblioteca Nacional, Paris). quando à ourivesaria celta e anglo-saxônica, exibe detalhes que se entrelaçam intricadamente, à maneira de ramos; broche Tara, celta; ‘Tesouro de Sutton Hoo’, anglo-saxão (Museu Britânico).
Grande perfeição iria atingir a ourivesaria do período romântico, quando passou a ser utilizada quase que exclusivamente com finalidades religiosas (‘Tesouro da catedral’, de Aachen, ‘Escrínio dos magos’ em Colônia, ‘Relicário’ do ‘Tesouro guelfo’ em Brunswick etc). Elegância maior, contudo, mostram as obras góticas.
Os relicários dos santos são verdadeiras catedrais em miniaturas. A partir do século XV, mas sobretudo no século XVI, a ourivesaria torna-se arte secular. O ourives mais importante da época e possivelmente o mais importante de todas as épocas, é Benvenuto Cellini, autor de jóias e também de célebre ‘saleiro’, executado para o Francisco I de França. A partir de fins do século XVI, principalmente na Espanha, a ourivesaria tornou-se exuberante, ricamente decorada e influenciada pelo estilo arquitetônico a que se chamou plateresco. Até ao século XVIII, através do barroco e do rococó, manteve-se a arte da ourivesaria em elevado nível, em princípios do XIX ocorreu um retorno às técnicas e sobretudo às formas clássicas, romanescas, góticas e renascentistas. O art nouveau produziu também obras notáveis no campo da ourivesaria, mas na atualidade essa arte passa por uma fase de inegável desprestígio ente os artistas.
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